Eu que estava tão bem
Me vi ser invadido
Por pensamentos intrusivos
Dos quais me tornei refém.
Era só uma conversa, um diálogo.
Mas a fala vinda do outro,
Me causou tamanho desgosto
E me trouxe a este meu lado.
Um lado sombrio, impaciente
Um lado raivoso, inconsequente.
Que me tira a razão
E me transforma em outro ser
O qual não posso compreender
Que age por pura emoção.
Sou como um rio cristalino
Calmo, tranquilo, sereno.
Que segue seu curso tão pleno
Seguindo o mesmo caminho.
Mas que por motivo banal
Não consegue ir avante
Não consegue ser constante.
E nunca chega ao final.
Mas porque o caminho certo
agora é tão incerto?
Porque perdeu-se o brio?
O que teria poder
Para fazer retroceder
As águas de um belo rio?
Quem pode mudar o meu curso?
A quem eu dei esse poder
De um desvio abrupto fazer
Levando meu principal recurso?
Pois agora sou tomado
Por sentimentos estranhos
Por um desespero tamanho
E o existir se torna amargo.
Foi embora minha alegria
Perdi o prazer do meu dia.
Em um único acontecimento.
Por uma pessoa sozinha
Perdi toda paz que eu tinha
Por conta de um momento.
Tem dias que parece que tudo será perfeito. Acordamos e nos sentimos dispostos e revigorados prontos para vencer qualquer batalha. Se conseguíssemos manter esse espírito e postura o dia certamente seria muito produtivo.
Em alguns desses dias, no entanto, temos o desprazer de encontrar pessoas tóxicas que com algumas palavras logo semeiam pensamentos negativos em nossa mente, e o dia que parecia ser magnífico logo vai perdendo o brio.
Por isso esse poema compara a vida com um rio cristalino que segue o mesmo curso. O seu caminho natural é correr constantemente e quando represado suas águas perdem a limpidez invadindo lugares que não lhe pertencem. As águas se tornam profundas, deixam de fluir e por muitas vezes se tornam fontes de contaminação.
Nós somos como este rio, temos um curso que é nosso. Temos vontades, sonhos e capacidades distintas que quando impedidos de serem desenvolvidas nos fazem pessoas revoltadas, depressivas e amarguradas. Temos a necessidade de seguir o nosso curso e quando impedidos o resultado nunca é positivo.
Mas eis a principal questão do poema: a quem demos o poder de nos paralisar ? Quem pode estragar nosso dia ainda no início ?
Nem sempre são pessoas tóxicas que estragam nossos dias. Amigos e famíliares que fazem observações comuns também conseguem esse êxito. O que me faz questionar: Será que na verdade o acúmulo de emoções negativas em nosso ser não é muito mais uma dificuldade de se posicionar diante da vida? Será que o rio paralizado não seguiu apenas por medo de enfrentar as barreiras?
De qualquer forma temos que lembrar que de algum jeito precisamos seguir nossos próprios passos. Se os seus dias têm sofrido muitas interferências das pessoas ao seu redor, repense quem você é. Às vezes estamos permitindo isso.
Tenha um momento de solitude, pare pra refletir. E se necessário procure um profissional para falar do assunto. O importante é que tuas águas não fiquem represadas. Elas precisam fluir.